Leite animal versus leite vegetal

                       
O que é leite?
Leite é uma secreção maternal durante a lactação, um nutriente por curto período para os recém-nascidos. Nada mais, nada menos. Invariavelmente, a mãe de cada mamífero proverá seu leite por um pequeno período imediatamente após o nascimento. Quando chega o momento do desmame, o jovem filhote será introduzido à sua alimentação própria para cada espécie de mamífero.
O leite de vaca
Nós temos utilizado o leite da vaca devido à natureza dócil deste animal, seu tamanho, e a abundância de leite que produz. De alguma maneira esta escolha nos parece 'normal' e uma bênção da natureza. Mas isto é natural? É sábio utilizarmos o leite de outras espécies de mamíferos?
Consideremos outros leites
Considere por um momento, se isto fosse possível, a ingestão de leite de outro mamífero que não seja a vaca, digamos de uma rata. Ou talvez o leite de uma cadela. Mesmo de uma égua ou de uma gata. É claro que não falo sério, apenas quero sugerir que o leite humano é para crianças humanas, o leite da cadela para os cãezinhos, o de vaca para os bezerros, o da gata para os gatinhos, e assim por diante.
A especificidade dos leites
O leite de cada espécie de mamífero é especificamente desenhado de acordo com as necessidades de cada animal. Por exemplo, o leite de gado é muito mais rico em proteínas que o leite humano. No mínimo 3 a 4 vezes. Além de que ele apresenta 5 a 7 vezes mais sais minerais que o humano. Entretanto, ele é nitidamente deficiente em ácidos graxos essenciais quando comparado com o leite humano. O leite humano tem 6 a 10 vezes mais ácidos graxos essenciais, especialmente o ácido linoléico (o leite de vaca desnatado não contém ácido linoléico). O leite de vaca simplesmente não é desenhado para humanos.
Cérebro versus músculos
Claramente, nossa especialização é para um desenvolvimento neurológico avançado e um controle neuromuscular delicado. Nós não temos muita necessidade de um crescimento esquelético intenso ou de grandes grupos musculares como ocorre com o bezerro. Imagine a diferença entre as exigências sobre uma mão humana e aquelas sobre a pata de uma vaca. Recém-nascidos humanos especificamente necessitam de material crítico para seus cérebros, coluna e nervos.
A pureza do leite de vaca
A produção de leite de cada vaca aumentou nos últimos 50 anos entre 15 a 25 vezes! Como isto foi obtido? Drogas, antibióticos, hormônios, e alimentação especializada. Eis como! A última grande novidade sobre a pobre vaca é o hormônio de crescimento bovino ou BGH. Supõe-se que esta droga geneticamente criada seja um estimulante na produção do leite. E seus efeitos sobre os humanos a longo prazo?!?!?!
Antibióticos
Em 1989 uma pesquisa concluiu que 38% das amostras de leite em 10 cidades norte-americanas estavam contaminadas com sulfas ou outros antibióticos (Wall Street Journal, 1989).
Bactérias
"Salmonellas estão largamente presentes no ambiente e portanto podem entrar no laticínio a partir de diferentes fontes. A manteiga facilmente suporta o crescimento de salmonella em temperaturas normais no ambiente, e a refrigeração ou o congelamento por curtos períodos não a elimina. Salmonellas podem permanecer viáveis na manteiga por mais de 9 meses (Journal of Dairy Science, 1992)."
Coliformes fecais
“Amostras de leite de vaca (131) coletadas em South Dakota e western Minnesota foram avaliadas para bactérias coliformes e não-coliformes. Coliformes foram detectados em 62,3% das amostras de leite dos tanques, e não-coliformes estavam presentes em 76,3% das amostras (Journal of Dairy Science, 1999)."
A pureza do leite humano
A grande maioria do leite humano está contaminada por pesticidas! E tudo indica que as fontes dos pesticidas sejam as carnes e os produtos lácteos. E por que não, já que estes pesticidas se concentram nas gorduras?
Leite animal e osteoporose
Os esquimós têm uma grande ingestão protéica (25% do total de calorias). Bem como uma alta ingestão de cálcio - 2,5g/dia. E têm um dos mais altos índices de osteoporose no mundo. Já os Bantus na África do Sul têm uma ingestão pequena de proteínas (12% das calorias), a maioria de fontes vegetais, e ingerem em média apenas 200 a 350 mg/dia de cálcio. E suas mulheres praticamente não têm osteoporose! Mas quando elas imigram para os EUA elas desenvolvem osteoporose, mas não tanto quanto as caucasianas ou as asiáticas. Assim, existe uma diferença genética que sofre modificação pela dieta.
Onde conseguir nosso cálcio?
“Exatamente do mesmo local de onde as vacas o extrai, de alimentos verdes que crescem no solo," principalmente das folhas dos vegetais. Afinal, elefantes e rinocerontes desenvolvem seus enormes ossos ingerindo as folhas verdes das plantas, tal qual os cavalos. Os animais carnívoros também o fazem bem sem usar as folhas das plantas. Me parece que todos os mamíferos vivem qualitativamente bem se eles viverem em harmonia com sua programação genética e alimentação natural.
E como fica então a osteoporose?
Os verdadeiros determinantes significativos da osteoporose são a excessiva ingestão protéica e a falta de trabalho físico sobre os ossos longos, ambos atuando durante décadas. Ainda, a questão mais importante não é quanto cálcio alguém ingere... Mas quanto este indivíduo deixa de perder.
E a lactose?
A Mãe Natureza nos dá a habilidade de metabolizar a lactose por apenas alguns anos e então nos retira este mecanismo. Estaria a Mãe Natureza tentando nos dizer algo? Claramente todas as crianças devem ingerir leite. O fato de que grande parte dos adultos não pode fazê-lo parece estar relacionado com a tendência da natureza em abandonar mecanismos que não mais sejam necessários. No mínimo 50% dos adultos humanos são intolerantes à lactose.
Leite com baixo teor de gordura
Leite com baixo teor de gordura não existe. O termo “baixo teor de gordura" é um apelo de marketing usado para enganar o público. Leite com pouca gordura contém de 24 a 33% de gordura como calorias! O valor de 2% presente nos rótulos é também enganoso, já que ele se refere a peso. O que eles não dizem é que em relação ao peso, o leite é 87% água!
A metionina
“A proteína da dieta eleva a produção de ácido no sangue o qual pode ser neutralizado pelo cálcio mobilizado do esqueleto.“ As proteínas animais contêm mais metionina que nas plantas (American Journal of Clinical Nutrition, 1995). Metionina em 100 g de leite de soja: 0,040 g Metionina em 100 g de leite de vaca integral: 0,075 g Metionina em 100 g de leite desnatado: 0,099 g
Leite e diabetes mellitus
"Anticorpos para beta-caseína bovina estão presentes em mais de 1/3 dos diabéticos insulino-dependentes e são praticamente inexistentes em indivíduos sadios (The Lancet, 1996)."
Leite e obesidade
O leite contém grande quantidade de calorias, hormônios do crescimento, gorduras, e colesterol. O mais poderoso hormônio de crescimento no corpo humano é idêntico ao mais poderoso hormônio de crescimento bovino. Aquele hormônio instrui cada célula no corpo humano a crescer.
Leite de soja e fitatos
A percentagem de fitatos no leite de soja é de 0.11%. " O trigo contêm 8 vezes mais fitatos que o leite de soja (0.88%). O pão de trigo integral contêm quase 4 vezes mais fitatos que o leite de soja (0.43%).
Proteínas animais versus soja
Comparando a proteína de soja com as demais (do trigo, do leite, dos ovos e da carne), observa-se que a proteína de soja contém maiores quantidades dos aminoácidos anabólicos, Arginina e Glutamina, além de apresentar grandes quantidades de aminoácidos de cadeia ramificada (Isoleucina, Leucina e Valina) em relação ao padrão de requerimento de aminoácidos para crianças de 2 - 5 anos até a fase adulta recomendado pela National Academy of Sciences and World Health Organization.
Oriente e Ocidente
A alimentação é uma explicação possível das diferenças de prevalência das doenças cardiovasculares entre o Oriente e o Ocidente. Comparada com a alimentação ocidental, a alimentação asiática tradicional: - É menos gordurosa - Contém mais fibras - Contém menos produtos de origem animal e mais alimentos vegetais, notadamente a soja que contém naturalmente isoflavones (genisteina, daidzeína e gliciteína)(Messina et coll, 1994; Bennetau-Pelissero, 2001).
Efeitos potenciais das proteínas da soja sobre os lípides e as lipoproteínas do soro
Uma meta-análise (Anderson et coll, 1995) de 38 estudos demonstrou que o consumo de proteínas da soja, comparado a um regime de controle : - diminuiu o colesterol total de 23.2 mg/dl (9.3%)* - diminuiu o colesterol LDL de 21.7 mg/dl (12.9%)* - diminuiu os triglicérides de 13.3 mg/dl (10.5%)* - aumentou o colesterol HDL de 1.2 mg/dl (2.4%) * Regime à base de soja significativamente diferente do regime controle (P<0.05).
Leite de soja e aminoácidos
Leite de soja contém grandes quantidades de certos aminoácidos incluindo arginina, alanina, ácido aspártico, e glicina. A arginina diminui o ritmo de crescimento de cânceres ao aumentar a resistência do sistema imune. Alanina auxilia o metabolismo dos açúcares. Ácido aspártico é fundamental no metabolismo, agindo como um anti-oxidante. Glicina é necessária para o bom funcionamento do cérebro e sistema nervoso, como para o metabolismo muscular.
Leite de soja e sais minerais
O leite de soja também contém mais magnésio, cobre, e manganês que o leite de vaca. Para se absorver cálcio, faz-se necessário o magnésio. O cobre também ajuda na formação óssea. Um sinal precoce de osteoporose é a deficiência de cobre. O leite de soja contém 12 vezes a quantidade de cobre que o leite de vaca. Bem como o leite de soja contém 42 vezes a quantidade de manganês que o leite de vaca. Manganês também é necessário para a formação óssea. O manganês é essencial para a transmissão neural e metabolismo protéico.
Qualidade na escolha alimentar!!!!
Alimentos não são apenas alimentos. Não é apenas a quantidade de alimentos que importa mas a composição qualitativa que é crítica em termos de desenvolvimento racionalmente adequado de cada espécie. Os profissionais de saúde estão gradualmente aprendendo que os alimentos contêm os elementos cruciais que permitem a uma espécie em particular desenvolver suas diferentes especializações próprias da espécie.
Bibliografia
. American Journal of Clinical Nutrition, 1995;61-4 . Anderson JW, Johnstone BM, Cook-Newell ME. N Engl J Med 1995;333:276-282. . Bennetau-Pelissero C. Cah. Nutr. Diét, 2001;36(1):25-38 . Journal of Dairy Science 1992;75(9):2339 . Journal of Dairy Science, 1999 Dec;82:12 . The Lancet, 1996 October, 348 . Messina MJ, Persky V, Setchell KDR, Barnes S. Nutr Cancer 1994; 21:113-131 . The Wall Street Journal, 1989 Dec. 29

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Imar Crisógno Fernandes
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