CARÍCIAS: A NECESSIDADE DE AFETO E RECONHECIMENTO

 

Vários estudos comprovam a necessidade humana de carícias, ou seja, de contato físico terno e caloroso.

René Spitz, observando crianças recém-nascidas em duas instituições diferentes, pode perceber que, numa dessas instituições, onde as crianças recebiam carinho, além dos cuidados normais de alimentação e higiene, havia um desenvolvimento físico e psicológico superior dessas crianças quando comparadas a crianças que não recebiam nenhum toque, além dos cuidados estritamente necessários. Quando a privação de carícias era extrema, desenvolviam doenças, chegando mesmo à morte.

Freud, teve a coragem de dar conotação científica a assuntos como amor e sexo que, em sua época, eram verdadeiros tabus e somente fonte de inspiração para poetas e escritores. Outros o seguiram, como Reich e sua teoria da sexualidade e, mais recentemente autores como Eric Berne e Claude Steiner chamam nossa atenção para a importância do contato físico e do reconhecimento.

Da mesma forma que a comida é o alimento do corpo, a carícia é o alimento da psiquê. Quando crianças, necessitamos de contato físico carinhoso para podermos nos desenvolver de forma saudável.

Além do toque, conforme a criança vai-se desenvolvendo, ela necessitará de estímulos na forma de elogios, e incentivos a seu crescimento.

Se, em vez de estímulos ou carícias positivas, ela receber muitas críticas e desvalorizações, acabará por desenvolver conceitos negativos sobre si mesma, e isto permanecerá influenciando suas atitudes na vida adulta.

Na infância, desenvolvemos nosso padrão de carícias, ou seja, auto-conceitos positivos ou negativos, que ficarão registrados em nossa psiquê e que perpetuaremos na vida adulta. Por exemplo, se uma criança ouve repetidamente que "não serve para nada" ou que "faz tudo errado" acabará acreditando nisso. A seguir precisará confirmar tais conceitos e agirá de forma tola para que outros confirmem que realmente "não serve para nada".

Pais e educadores precisam ficar atentos a suas próprias atitudes. São modelos poderosos para a formação da personalidade da criança. Precisam examinar os conceitos e crenças que norteiam suas ações, modificando aqueles que os prejudicam e, consequentemente, aos outros.

É assim que se desenvolve a auto-estima e o respeito por si mesmo e pelos outros.

Se não fomos amados, também não saberemos amar. Se nunca nos mostraram que somos capazes, nos sentiremos impotentes. Se não estimularam nossos talentos, acabaremos por achar que não servimos para nada.

Novamente a ciência se rende a assuntos como carinho e amor, palavras tão desgastadas que já perdemos a noção de seu significado e importância. Contudo, todos percebemos essa verdade, no íntimo de nosso ser e estamos buscando valores que prezem a dignidade e integridade do ser humano.

Um momento de reflexão:

Pare por alguns minutos e reflita sobre suas gravações internas, o que você ouvia com freqüência sobre sua capacidade, seu valor, sua aparência. O que lhe diziam sobre as outras pessoas...E sobre a vida?...