Já não é mais um mistério que o alimento que ingerimos não basta a nossa nutrição de subsistência básica. Antes de mais nada, o alimento é "comido" pelos nossos olhos, e a partir daí, inicia-se todo um processo psicológico que põe em funcionamento toda uma gama de sensações e funcionamentos subseqüentes.

No Ayurveda, descreve-se que os alimentos possuem, no mínimo, dois sabores: o que é sentido pela língua (rasa) e o que é percebido pelo estômago. Este último, chama-se vipak, ou seja, o sabor que é sentido após termos ingerido o alimento. Por exemplo, o arroz, mesmo quando o comemos salgado, é doce no vipak. Assim também se enquadram todos os amidos como o milho, a batata etc. Hoje, pela fisiologia da nutrição, sabe-se que os carboidratos transformam-se em açúcar (glicose), quando em contado com a saliva. Por isso, se diz que a primeira digestão ocorre na cavidade bucal e as demais no estômago e nos intestinos.

Grande parte do nosso dia-a-dia passamos diante dos apelos visuais dos alimentos. Na televisão, nos shopping centres, somos literalmente "bombardeados" com belas imagens de alimentos dispostos num prato ou num recipiente em que serão servidos. São os outdoors que mostram o que o cliente irá comer. Apesar do conteúdo destes "pratos" ser duvidoso quanto à qualidade do que está sendo ingerido, pois nas mais das vezes são pobres em nutrientes, fibras e outros componentes necessários a uma boa saúde, não podemos negar que o apelo é forte, impulsionando a pessoa para comê-los.

No Ayurveda, sugere-se que os alimentos sejam distribuídos no prato com harmonia, procurando balancear as cores de vata, pitta e kapha, ou seja, incluindo toda uma gama de cores que torne a refeição não só atrativa, pelo ponto de vista visual, como também pela qualidade de equilíbrio visual e dietético.


Culinária Védica

No ato de comer está implícito mais do que a simples manutenção de nutrientes, é um ato psicológico, e, acima de tudo, sagrado.

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Oferecendo o alimento

O alimento, por possuir origens divinas, deve ser oferecido para Deus, de tal forma que venhamos a nos servir dos Seus restos. Caso contrário, o alimento é considerado simples desfrute material, razão de todo o sofrimento neste mundo.

O ato de oferecer o alimento, é mais do que simplesmente agradecer, é um ato de entrega de todo nosso serviço a Deus. No Oriente, Krishna é quem ocupa o lugar máximo no desfrute de todas as ações devocionais.

Oferecer o alimento é, antes de mais nada, compreender que estamos no mundo por misericórdia divina. Logo, não é concebível o consumo de alimentos provenientes do sofrimento de uma criatura animal. Os vegetais, por sua vez, nos dão seus frutos, não carecem do sofrimento que os animais recebem nos matadouros.

Krsna e Radharani desfrutando da prashada, que as gopis, sentadas abaixo deles, oferecem a eles.