Eu, que sem preocupação pude buscar-te, aceito tua sina de camaleão de imagens. Teu prazer quer alvuras e eu, amadurecida de teus tons, sou mais frágil entre as mãos que encerram o destino. As manhãs, os breves sussurros, o mastigar lento de maxilares. Conheço-te como a mim, tua casa, tuas vestes, tudo que te pertence. Onde colocares a mão, eu sei, aqui estiveste. Não te amo pelo nome. Amo-te pelo que transpareces.
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Existe, além da parede, a espessa aspereza do tempo. Todo olhar é denso quando contempla o outro. (Mergulhamos na fotografia impressa da memória e ficamos retidos, adereços discretos da paisagem.) Espera o fruto. A hora se biparte e o alçapão está fechado. Atinges o momento do ciclone, a órbita aberta do planeta. Espera a volta. Teus ombros nus encostados na parede, tua face na penumbra, retendo as luzes do quarto.
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Onde estás ser outonal e primeiro, oco de árvore escavado em mim? Sopro arquitetura entreato. Simples como tuas coisas mais amadas e este o simples abril que conheceste. És tal parte de tempo, antepassado passando adiante. Tudo desfaz-se diante dos olhos, para que não mais vejam o que puderam ver agora. Aguardo-te, como se viesses. A espera faz tudo isso mais completo.
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