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Areal, de Thereza Christina Motta

Eu, que sem preocupação

pude buscar-te,

aceito tua sina de camaleão de imagens.

Teu prazer quer alvuras e eu,

amadurecida de teus tons, sou mais frágil

entre as mãos que encerram o destino.

As manhãs, os breves sussurros,

o mastigar lento de maxilares.

Conheço-te como a mim,

tua casa, tuas vestes,

tudo que te pertence.

Onde colocares a mão, eu sei,

aqui estiveste.

Não te amo pelo nome.

Amo-te pelo que transpareces.


Existe, além da parede,

a espessa aspereza do tempo.

Todo olhar é denso

quando contempla o outro.

(Mergulhamos na fotografia

impressa da memória

e ficamos retidos,

adereços discretos da paisagem.)

Espera o fruto.

A hora se biparte

e o alçapão está fechado.

Atinges o momento do ciclone,

a órbita aberta do planeta.

Espera a volta.

Teus ombros nus

encostados na parede,

tua face na penumbra,

retendo as luzes do quarto.


Onde estás

ser outonal e primeiro,

oco de árvore

escavado em mim?

Sopro arquitetura entreato.

Simples como tuas coisas

mais amadas

e este o simples abril

que conheceste.

És tal parte de tempo,

antepassado passando adiante.

Tudo desfaz-se diante dos olhos,

para que não mais vejam

o que puderam ver agora.

Aguardo-te, como se viesses.

A espera faz tudo isso

mais completo.


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