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Ordem do Templo
-HISTÓRIA.
De acordo com a tradição histórica, em 1118 foi fundada em Jerusalém a Ordem do Templo. Actualmente, sabemos que a sua constituição foi abençoada pelo Patriarca Ortodoxo Theócletos (67.º sucessor do Apóstolo João), de quem recebeu a sua regra. A designação de Templários deveu-se ao facto de o rei de Jerusalém Balduino II, lhes ter cedido algumas dependências no local onde outrora se encontrava o Templo de Salomão.
Entre os fundadores encontravam-se cavaleiros oriundos de terras que actualmente fazem parte constituinte de França, Espanha, e Portugal, bem como outros acerca dos quais não se conhece uma identificação precisa. Sabemos ainda que, de acordo com as crónicas, que durante vários anos até 1127, a Ordem do Templo não aceitou novos cavaleiros. Somente em 1128 e após o Concílio de Troyes, a Ordem do Templo recebeu a "Regra Latina", ou melhor dizendo, os "estatutos de adopção", redigidos por Frei Bernardo de Claraval (mentor da Ordem no Ocidente), ou alguém sob sua orientação. Este acto foi necessário para possibilitar a a implantação da Ordem no Ocidente e para assegurar a sua obediência à Igreja de Roma, que tinha cortado as suas relações com as Igrejas Orientais em 1054.
Pelas razões fundamentais atrás mencionadas, não existe legitimidade para afirmar que a Ordem do Templo foi de inspiração Ocidental e exclusivamente Católica. Antes pelo contrário, foi uma Ordem de Cavalaria e de monaquismo, com alicerces nos princípios fundamentais da Igreja de João, ou seja, da Igreja do Oriente. O facto de se espalhar pela Europa Ocidental, também não a torna exclusivamente Católica, nem mesmo depois da sua adopção, porque a sua Sede sempre permaneceu no Oriente e porque provas inegáveis, na arquitectura, no simbolismo e na sigilografia, demonstram que os Templários jamais abandonaram a tradição da Igreja Oriental. E este ponto pode ser a chave que explica o seu espírito ecuménico, no que respeita à unidade da tradição cristã. A Ordem foi Ecuménica, e não tinha nacionalidade tal como hoje a definimos. Um Templário pertencia à Ordem do Templo.
Sem dúvida que, de acordo com os relatos que se conhecem, entre os fundadores da Ordem na Terra Santa, os cavaleiros nascidos em terras que hoje constituem França estariam em maioria. Contudo, quem possui alguns conhecimentos de história, terá muita dificuldade em atribuir aqueles cavaleiros, uma nacionalidade de maneira semelhante à que hoje atribuimos aos cidadãos de um país. Sabe-se que não existiam, na Europa Ocidental daquela época, nações e nacionalidades legitimadas no poder centralizado de um chefe de nação, nem tão pouco fronteiras estáveis e internacionalmente aceites e respeitadas que definissem o território geográfico de cada país.
A vida da Ordem do Templo nos dois séculos seguintes esteve envolta num sem número de acontecimentos que, na actualidade constituem objecto de estudo bastante polémico. Acusada de várias coisas por Filipe IV "O Belo" rei de França, foi dissolvida em 1314 pelo Papa Clemente V com a Bula Vox in Excelso. Muitos Templários fugiram para Portugal e Escócia, aproveitando a tolerância dos respectivos soberanos. Durante seiscentos e oitenta e quatro anos a Ordem esteve "adormecida", crescendo a lenda e ficando a verdade ofuscada por toda a espécie de suposições e conjecturas. Surgiram "ordens templárias", documentos de "sucessão" e listas secretas de "grãos mestres".
Provar que os grupos Templários de hoje descendem de organizações secretas ou discretas fundadas pelos Templários fugitivos, pode ter algum valor do ponto de vista iniciático, mas, não serve para legitimar a existência de "Ordens Templárias" contemporâneas. Os Templários fugitivos jamais restauraram a própria Ordem dissolvida, e quanto muito, transmitiram alguns dos seus conhecimentos a outras organizações.
A Ordem do Templo adoptada pela Igreja Católica Apostólica Romana foi "dissolvida" pela mesma Igreja, que jamais tomou a iniciativa de a reconstituir ou restaurar. Neste ponto, não podemos deixar de considerar estranho e questionar a legitimidade da Igreja Católica para dissolver uma Ordem adoptada, sabendo que não teve qualquer autoridade moral ou legal na sua criação. As "herdeiras oficiais" dos bens dos Templários, foram a Ordem do Hospital, a Ordem de Montessa e a Ordem de Cristo. No entanto, é sabido que nenhuma delas recebeu qualquer direito relativamente à reconstituição da Ordem do Templo. A Ordem de Cristo, embora possa ter recuperado parte do poderio exotérico e preservado parte da doutrina esotérica, jamais conseguiu representar o todo da Ordem do Templo.