O Modernismo em Portugal


Embora tenha sido publicado, divulgado e conhecido amplamente, apenas no pós-guerra, Fernando Pessoa pertence à geração dos "Ismos" ( Surrealismo, Dadaísmo, Futurismo), que tumultuou a Europa dos anos 10/20. O Modernismo, movimento literário a que Fernando Pessoa faz parte, compreende este grupo variado de correntes estéticas de vanguarda. É uma tendência dinâmica indicando a necessidade de renovação e a crença de que é possível uma superação constante, baseada na idéia da modernidade contra a tradição e do antigo.

A atitude moderna da época presente em posição às antigas coloca acima de tudo o particular, o local, a circunstância, o pessoal, o subjetivo, o relativo e a diversidade. Foram seus contemporâneos, pintores, como Picasso, Braque, Kandinski, Mondrian, Larionov, Natalia Goncharova; músicos como Schönberg, Stravinsky; ficcionistas como Henri James, Joyce, Jorge Luis Borges, Virginia Woolf, Kafka, Hermann Hesse, John Dos Passos, E.E.Cummings e poetas como Apollinaire, Mallarmé, Marinetti, Max Jacob, Ezra Pound, Valery, T.S.Eliot, A.Breton, Maiacovski, Gertrude Stein, Vicente Huidobro, Oswald e Mário de Andrade, Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros, entre outros.

Evidentemente Portugal tenta acompanhar as modificações que acontecem no continente europeu, mas num ritmo bem mais lento. É que, a rigor, não houve nas terras portuguesas nem a Revolução Industrial nem a loucura do grande capitalimo, como nos resto da Europa. Politicamente, o país vive a agonia do regime monárquico, que termina de vez, em 1910, com a proclamação da República. Influenciados pelo fascismo italiano, os integralistas portugueses organizam-se politicamente em 1914. Em 1926, surge o Estado Novo, sob a forma da ditadura de Salazar.

Apesar desse fechamento do regime, a produção artística não cessa. Em 1910, aparece a Revista Águia, que se torna órgão da Renascença Portuguesa. Esse movimento tinha como princípio o estabelecimento de uma filosofia portuguesa baseada no culto da saudade.

Ao movimento da Renascença Portuguesa segue-se o do Orfismo, que se concentrou em torno de Orpheu, revista cujo primeiro número vem a público em 1915. Fundada sob influência das grandes correntes estéticas européias, a publicação contou logo de início com as figuras mais importantes da época: Fernando Pessoa, Mário de Sá-Caneiro, Almada Negreiros, Alfredo Guisado, etc. Preocupada em provocar o burguês e em sacudir o acanhado meio cultural português, essa geração, nas páginas da revista, publicou uma poesia complexa, de difícil acesso, que causou o maior escândalo na época. Mas Orpheu tem curta duração - apenas mais um é número publicado - e sai fora de cena.

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