É este o primeiro sacramento da Nova Aliança. Cristo institui-o para que todos tenham uma vida nova. O Baptismo é o culminar de uma história que vem de longe.
O apóstolo Pedro compara formalmente a água do Baptismo às águas do dilúvio narrado pelo Génesis: "A magnanimidade de Deus aguardava com paciência nos dias de Noé, enquanto se construia a arca, na qual poucas pessoas, oito apenas, se salvaram através da água. Esta água era uma figura do Baptismo, que agora vos salva" (1 Pedro 3, 20-21). Sobre as água, antes instrumento de morte, Deus estende o seu arco-iris, como sinal de uma aliança eterna de amor que O ligará para sempre ao homem e à terra. Também no Baptismo a água é o principio de vida nova que salva.
Paulo descobre uma "figura" do Baptismo na passagem dos Hebreus através do mar Vermelho: "O Senhor... fustigou o mar com um impetuoso vento do oriente... secou o mar e as águas dividiram-se" (Ex. 14, 21). Libertos das águas pela intervenção do Senhor, os Hebreus já não constituem uma multidão em fuga. Nasceu um novo povo, capaz de cantar os louvores a Deus que o liberou da condição de escravo e lhe abriu o caminho de uma nova história. É o povo de Deus portador da santa promessa.
Do dilúvio, como dum Baptismo cósmico, saiu uma humanidade nova, da passagem do mar Vermelho, como de um baptismo de multidão, saiu um povo livre, o povo de Deus.
No rio Jordão, quando Jesus foi Baptizado por João Baptista, o sinal de Deus já não é o arco-iris nem o crescimento de um povo. O Verbo Fez-se carne, solidário com o nosso destino de pecadores votados à morte, Ele o inocente sem pecado. Por isso, na altura do Baptismo é proclamado Messias e Filho de Deus, que Veio habitar entre nós para a nossa salvação.
Aquele gesto revela já o sentido de toda a Sua vida. Como se deixou mergulhar nas águas do rio Jordão, Ele que não precisava de penitência nem de purificação, assim Se deixará julgar injustamente e condenar à morte.
Todavia , como o Seu sair das águas significava salvação e novidade de vida, assim o Seu descer ao sepulcro será a porta estreita e dolorosa que introduz na promessa realizada: a morte será vencida.
A história que vem de longe, preparada desde o ínicio do mundo cumpre-se assim no mistério pascal de Cristo, e no Baptismo comunica-se a nós. Mergulhados na água baptismal - água é sinal de lavagem, purificação, morte e, ao mesmo tempo, elemento primordial de onde sai a vida - nós morremos para o pecado e, purificados e renovados, particpamos da vida nova do Ressuscitado. Morre o homem velho, pecador; nasce o homem novo, redimido e filho de Deus.
Cristo ressuscitado, que sai da escuridão do túmulo, é o homem novo, liberto de toda a escravidão; solidário connosco no destino da morte, Ele é a primícia da colheita que Deus preparou; nós estamos unidos a Ele na morte e na ressurreição , através do Baptismo.
Este é o verdadeiro significado do Baptismo, é a entrada na vida cristã e no Reino, é o primeiro sacramento da Nova Aliança, por meio do qual o Homem fica espiritualmente renascido e se torna membro da comunidade cristã.
É através desta iniciação que somos introduzidos numa nova solidariedade, face àquela que nos liga, em Adão, a toda a humanidade. Cristo, o novo Adão, resgata todo o nosso ser da condição de pecado e de morte e introdu-lo no seu "corpo" que é a Igreja.
Na iniciação cristã o Senhor, através da sua Igreja, transplanta para o terreno da sua redenção as nossas raizes humanas. As etapas deste itenerário estão marcadas pela sucessiva administração dos sacramentos do baptismo, da Confirmação e da Eucaristia, intimamente unidos uns aos outros.
O itinerário de fé que prepara, acompanha e segue a celebração dos sacramentos, aponta exactamente para isso: iniciar o cristão a viver a sua experiência inserido na esfera da vida trinitária eclesial; a operar na Igreja e no mundo com o poder transformador do Espírito; a amar o Pai e todos os homens com o mesmo coração de Cristo.
O Baptismo é o sacramento da fé e o início da vida nova em Cristo, ou seja é o renascer para uma vida nova, uma vida sem pecado; é a filiação divina autêntica, diferente de uma mera figuração ou adopção júridica. Pois quem "nasce" é filho (Jo. 1, 12 e 3, 5). "Vede de que espécie é o amor que o Pai nos dedicou, que somos chamados filhos de Deus; e o somos realmente!" (1Jo 3, 1) e é também a incorporação à Igreja, que é o corpo do Cristo, ao povo de Deus da Nova Aliança, em todos os direitos e deveres dum membro da Igreja e de Cristo.