SISMO DO FAIAL DE 09.JULHO.98

Sismograma
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1- sinopse geológica

A ilha do Faial corresponde a um estratovulcão, de idade inferior a 1 milhão de anos, situado sobre uma megafractura geológica (fractura transoceânica Midle Atlantic Ridge - Faial - Pico - S. Miguel - Glória - Gibraltar).

A ilha gerou-se ao longo de cinco grandes fases ,vulcânicas, encontrando-se a última ainda em curso (caso da erupção do Capelinhos, em 1957-58).
Sob o ponto de vista estrutural o Faial í cortado por grandes fracturas WNW-ESE que tem expressivo realce na região do Almoxarife, em Pedro Miguel e na Ribeirinha (graben do Pedro Miguel).

 

2- sinopse sísmica

Pelas 05:19 h locais a ilha foi atingida por um violento sismo de características tectónicas, de magnitude 6.1 Richter (ou 5.8 segundo o instituto de Meteorologia ou 6.3 segundo o Institut de Physique du Globe de Strasbourg) localizado a cerca de 15 Km a NE da Horta e a uma profundidade da ordem dos 18 Km. Tal localização correspondeu a movimentos bastante enérgicos no sistema de falhas do graben de Pedro Miguel, no respectivo sector norte, em fronteira com o graben do canal Pico - S. Jorge.

O evento das 05:19 h foi precedido por um outro, às 05:00 h TL, também situado na mesma zona.
Seguiram-se centenas de sismos diários com localização distribuídas pelos mais diversificados pontos, alguns muito próximos da cidade da Horta. As diversas localizações correspondem ao complexo sistema de falhas, muitas submarinas, do já referido graben do Pedro Miguel.

Em termos de efeitos sobre a paisagem o sismo das 05:19 h alcançou a intensidade VIII da escala de Mercali na área da Ribeirinha-Espalhafatos-Salão, na ilha do Faial; o grau VII foi detectado nas zonas de Flamengos, Pedro Miguel, Almoxarife e Lombega (Faial) e S. Caetano, Sete Cidades (Pico); o grau VI foi registado nos Cedros, na Conceição (Horta) e nos Flamengos (Faial) na Madalena e em S. Mateus (Pico). Na maior parte da cidade da Horta, em Castelo Branco e no Capelo a intensidade do sismo rondou o grau V Mercali.

Ao longo do dia os sismógrafos registaram cerca de 1.350 sismos, dos quais cerca de 10% foram sentidos. No dia seguinte registaram-se cerca de 950 eventos; no dia 11 foram registados cerca de 780 sismos. O processo de decaimento ainda se encontra em curso, sendo de aguardar que a situação se normalize em fins de Outubro.

 

3- Consequências do abalo

O abalo das 0:519 h dada a respectiva energia (6.1 Richter) e a má qualidade da maioria dos parques habitacionais das ilhas do Faial, do Pico, e de S. Jorge, teve consequências muito graves: 8 pessoas morreram no Faial em consequência dos desmoronamentos das suas casas, cerca de 750 edifícios foram arrasados nas três ilhas e cerca de 1.000 casas necessitam de grandes reparações! Os prejuízos, incluindo acessos rodoviários, são da ordem dos 23 milhões de contos.

Na ilha do Faial ocorreram importantes alterações paisagísticas devido a movimentos de falhas geológicas e a grandiosos escorregamentos de terras (provocados pelas vibrações sísmicas) nomeadamente no mato da Caldeira do Faial, por cima de Salão-Cedros e nas encostas da Ribeirinha. O grande sismo da Terceira (01.Jan.1980, de energia 6.9 Richter) e a crise do Pico de 1973 (+/- 5.9 Richter) não causaram as alterações do terreno atrás descritas.

(fonte: Prof. Dr. Victor Hugo Forjaz, Universidade dos Açores)
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