Movimentação: seus defeitos e principais causas

    O trote

    Começaremos por dizer que da perfeição dos aprumos e angulações depende grandemente o rendimento do trote. De nada valem angulações anteriores maravilhosas com as posteriores medíocres (e vice-versa). Duas unidades medíocres que se completam uma com a outra, nos dão melhores resultados do que uma de melhor qualidade, mas que quebre o ajuste.
    O apoio dos membros anteriores no solo, antes do momento exato, faz com que haja forte choque de concussão, que se propaga pela coluna óssea até as omoplatas levando a um cansaço mais rápido.

    Os defeitos

    Omoplatas com posicionamento inadequado (verticalizadas) devido  também ao inadequado arqueamento da caixa torácica (devido à má curvatura das costelas), repercutem no centro de giro da escápula com prejuízo para o alcance anterior a aumento da concussão de aterragem, portanto, mais cansaço. Uma omoplata de 45º é, por exemplo, 30% mais eficiente do que uma de 60º.

Úmero curto ou mal angulado -  interfere no alcance anterior e no choque de concussão.

Metacarpos retos – o choque sobre a coluna óssea é intenso, o qual alcança com quase toda a sua força, a omoplata. Não há quase amortecimento pelos tendões que deveriam funcionar como molas.

Metacarpos cedentes -  ao contrário do anterior, o choque solicita brutalmente a ação dos ligamentos, que não estão em condições de amortecê-los.

Pata -  a sua conformação é importante. Os dedos longos (pé de lebre) propiciam maior alavanca, portanto maior velocidade (como no caso do pé do lebreiro), mas o animal não agüenta esforços prolongados. Quando curtos e compactos não favorecem a velocidade, mas sim a resistência. Os chamados “abertos” têm dedos separados e espalmados. É chamado “pé de lobo” quando aplanado e fino.
    As almofadas (quatro digitais e uma planar) desempenham no trote a função de amortecedores e por isso devem ser duras, espessas e resistentes. Durante a movimentação são elas que recebem o impacto inicial.
    Ao analisar a correlação aprumos / movimentação, devemos observar:

I -  Anormalidades dos aprumos anteriores (quando visto de lado):

a) Metacarpo muito reto (ângulo com o solo superior a 60 graus) – passadas duras, cansaço fácil, levando ao achatamento da pata.
b) Metacarpo cedente (ângulo com o solo bem menor que 60 graus) – abaixa a frente do cão e menor capacidade de absorção do choque. Rápido cansaço.
c) Alterações do triângulo isósceles -  formado pela omoplata e úmero,   na dependência de angulações ou tamanhos incorretos desses elementos.

II -  Anormalidades dos aprumos anteriores (quando visto de frente):

a) Aberto de frente – maior base de sustentação, mas torna-se mais lento;
b) Fechado de frente – menor equilíbrio;
c) Cambaio – pés dirigidos para dentro, cotovelos para fora;
d) Posição francesa – pés para fora, com cotovelos em geral deslocados para dentro.

    Nos ombros citaríamos:

a) Ombro fechado ou super angulado (ângulo entre a omoplata e o dorso menor de 45 graus e entre a omoplata e úmero menor de 90 graus)  - o cão torna-se mais baixo na frente, pondo maior peso sobre o trem dianteiro. Tende a cair na frente.

b) Ombro aberto ou pouco angulado (dorso e omoplata com mais de 45 graus, omoplata e úmero com mais de 90 graus).  Eleva a cernelha, pescoço verticalizado. Na movimentação tendem a apresentar passos curtos tanto para frente como para trás.

c) Ombro alto  (omoplata horizontalizada e úmero tendendo para o vertical). Passos saltitantes com grande elevação dos pés dianteiros, mais amplos para frente do que para trás.

d) Ombro baixo (omoplata verticalizada e o úmero tendendo para a horizontal). Passo de curto alcance para frente e um pouco mais extenso para trás. O cão tende a abaixar a cabeça.

e) Ombro ”deslocando para frente” – teríamos como exemplo o Saluki, o Greyhound e o Gran ·Danem: apagamento de cernelha e acentuada diminuição do ante-peito. Passos mais amplos para frente do que para trás. Passadas pouco rendosas. A expressão “ombros deslocados para frente” muito em voga no passado, hoje em dia é vista sob novo prisma (angulação escapole umeral retificada devido a ossos curtos).

f) Ombros carregados – aumento exagerado da musculatura localizada sob a omoplata. As pernas, se curtas, pode levar um criador menos experiente,   a julgar que o cão tem uma grande profundidade de peito, quando na realidade o seu antebraço é que é curto. No trote tende a movimentar mais rapidamente os membros anteriores para compensar o que lhe falta em alcance de passadas.

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