Lhasa Apso




Lhasa Apso, um peludo diferente.

Lhasa Apso


...... O temperamento dele é muito diferente do dos demais cães peludos de pequeno porte - fica sozinho em casa numa boa e nem faz questão de passear.

...... Ele tem uma personalidade bem diferente da maioria dos "pequenos peludos", que em geral são dependentes do dono, superativos, sociáveis até com estranhos e sempre prontos a brincar. Seu estilo é exatamente o oposto. O Lhasa Apso é o mais reservado entre eles. E também o menos ativo e o mais independente. São justamente essas características que o tornam o peludo de pequeno porte mais indicado para quem precisa deixar o cão sozinho. "Recomendo o Lhasa às pessoas que moram sozinhas e trabalham fora, pois se adapta muito bem a ficar horas sem companhia", diz Áquila Zawadzki, do Canil Zawadzki, em Curitiba, onde cria 25 Lhasas e também Lulus da Pomerânia, Pequineses e Malteses - e é proprietário de um salão de beleza especializado em raças desse tipo.

...... "Independente e tranqüilo, o Lhasa na ausência do dono não faz bagunça, não destrói a casa e nem mastiga brinquedos, móveis e almofadas se já trocou os dentes de leite", resume Áquila. "A criadora de Shih Tzu, Maltês e Lhasa, Maria Amélia Snell, do Canil Snellmark, na Barra da Tijuca, RJ, concorda: "Devido ao temperamento, a raça é a que menos exige supervisão do dono." Segundo Maria Amélia, o Lhasa não é de correr muito e quando brinca logo interrompe para se aconchegar; passa a maior parte do tempo tranqüilo, observando - e mesmo para andar é calmo e cuidadoso.

...... Até passeios diários, tão importantes para outras raças, o Lhasa dispensa. "Ele é muito caseiro, não faz muita questão de sair", diz Maria Amélia. "Por ser reservado, estranha o movimento da rua e se assusta; acho que se ele pudesse escolher ficaria sempre em casa", completa. Os entrevistados contam que, ao contrário da maioria das raças, o Lhasa não faz festa só de ver uma coleira. "Entre as diversas raças semelhantes que estou acostumada a treinar, o Lhasa é a que mais resiste a aprender a usar a coleira", conta Vania Breim, que prepara Shih Tzus, Malteses e Yorkshires para exposições. "É difícil adaptá-los a passear", confirma Regina Balza, que já criou Pequineses e tem atualmente dez Lhasas, no Canil Lakshmi, em São Paulo. "Diferentemente de outras raças, quando vê uma coleira, o Lhasa não demonstra tanto entusiasmo: olha, pensa, e pode vir ou não em minha direção", atesta Maria Amélia. O desinteresse tem explicação. "Ficar no meio de gente estranha é extremamente desagradável para ele", diz Vânia. "Numa exposição, ele fica sempre de mau humor: pode até fazer pirraça, se jogar no chão, empacar só para não desfilar; já o York e o Maltês são muito elétricos, ficam puxando e olhando tudo", conta.

...... O comportamento reservado com estranhos é mesmo uma marca registrada da raça. "Quando chega uma visita, vem cheirá-la e depois fica distante, observando", diz Larry Bruton, presidente do American Lhasa Apso Club, nos Estados Unidos. "Com desconhecidos ele faz o tipo indiferente, se é chamado, finge que nem vê", confirma Guilherme Berrêdo, que cria Lhasas e Shih Tzus há 13 anos pelo Canil Axeram, em São Luiz, MA. Maria Amélia, criadora de Lhasas e Shih Tzus acrescenta: "Tem gente que quando vem me visitar até pergunta 'porque quando eu chamo os Lhasas eles não vêm?' Aí eu explico que a raça é muito reservada com os desconhecidos." O interessante é que esse comportamento já se manifesta desde pequeno. "Filhotes de Lhasa ficam apenas olhando as pessoas, não fazem festa e alguns até se afastam", descreve Maria Amélia. Guilherme confirma: "Outro dia um casal veio comprar um cão. A moça gostava mais de Shih Tzu, e o rapaz preferia Lhasa. Fui buscar um filhote de cada no canil", conta. "Quando os coloquei na sala, o Shih Tzu só faltou falar 'me leva', pulou no colo deles, lambeu o rosto. O Lhasa observou quieto, veio na minha direção e deitou no meu pé. De nada adiantou a moça chamar, ele não foi." Mesmo assim, o estilo pouco efusivo com desconhecidos não os desanimou, e levaram o Lhasa.

Só um Dono

...... Por suas atitudes, o Lhasa é considerado pelos criadores como o típico cão de um dono só. Áquila é quem explica bem: depois de comprado, o filhote demora até um mês para adotar definitivamente um dono no novo lar e demonstrar alegria ao vê-lo. "Não basta a pessoa alimentar, cuidar e dar banho. Tem que ganhar a simpatia do cão", explica. Uma vez eleito o dono, essa passa a ser a pessoa da vida dele. "Os Lhasas aceitam as pessoas que moram na minha casa, às vezes até atendem a seus chamados, mas não quando estão ao meu lado. Aí pode chamar a vontade que eles não vão mesmo, a dona aqui sou eu", diz Maria Amélia. Regina também nota quais dos seus Lhasas a adotaram e quais adotaram a irmã: "Quando cada uma de nós chega é bem recebida por todos, mas geralmente os 'meus' me festejam mais, e os 'dela' mais a ela." Segundo Leonor Menon, dona de Lhasas e Daschunds, do Canil dos Mil Encantos, em São Paulo, isso é o que ocorre na casa dela também. "Tenho cinco Lhasas vivendo dentro de casa e quando estou por perto, minha filha pode chamar que eles não saem do meu lado."

...... O Lhasa é tão independente que não impõe a sua presença e nem solicita o tempo todo atenção das pessoa. "É incapaz de ficar lambendo a nossa boca, trazendo bolinha e pulando no colo. Fica olhando de longe, mas não se aproxima, não atrapalha se o dono estiver assistindo tevê", diz Áquila. "Cães que ficam pulando no meu colo e implorando atenção o tempo todo me irritam, por isso é que me identifico tanto com o Lhasa", conta Regina.

...... Segundo Ana Beatriz Knoll, do Canil Excalibur Quest, em Campinas, SP, o Lhasa vai escolher o dono que mais se identifique com seu temperamento calmo, que não fique chamando para brincadeiras toda hora, porque ele não gosta de fazer grandes esforços físicos. Por isso, é comum assistir a Lhasas tentando se esquivar de crianças muito agitadas, mesmo que sejam de casa: eles não têm tanta energia quanto elas e normalmente perdem a paciência. Mas dificilmente mordem à toa, sem avisar. "O Lhasa também precisa de alguém que não espere submissão nem grude", lembra Maria Amélia.

...... Até na hora do banho o Lhasa mantém a calma. Ele acaba se acostumando com mais facilidade do que outras raças mais 'elétricas'. "Parece que ele sabe que não tem jeito e quer logo acabar com aquilo", brinca Vania. O Lhasa é muito mais submisso ao banho do que outras raças pequenas, diz Áquila. "Tenho uma fêmea que até dorme enquanto estou secando o seu pêlo", confirma Maria Amélia.

...... Ficar no colo, para o Lhasa, é uma regalia concedida apenas ao dono - intimidades desse tipo com gente estranha, nem pensar. Mesmo que goste do aconchego dos braços da pessoa eleita, para ficar bastante tempo nesse grude todo, ele não deve se sentir incomodado. Entenda-se por isso, por exemplo, excesso de calor em dias quentes. "Enquanto outras raças, se puderem, ficam o tempo todo grudadas num colo, os Lhasas o abandonam ao sentirem calor", explica Guilherme.

...... O Lhasa filhote é bem brincalhão com os irmãos. Gosta de correr atrás de bolinhas e procurar coisas para se divertir sozinho. E também aceita bem brincadeiras com pessoas da casa, quando acostumado a elas. Mas amadurece com cerca de um ano para chegar à tranqüilidade típica da raça. "Esse é outro grande diferencial entre o Lhasa e muitos dos peludos pequenos, que costumam manter sempre o espírito festeiro e superbrincalhão", diz Maria Amélia.

Bem Caseiro

...... Dentro de seu território o Lhasa é só tranqüilidade: não causa problemas e pode-se até esquecer dele. Mas sair com um Lhasa nem sempre é fácil. "São muito desconfiados e suspeitam de tudo", diz Vania. Viajar não é, geralmente, o programa predileto. Mas podem ser acostumados desde pequenos. "Tenho conhecidos que viajam sempre e seus Lhasas são doidos para entrar no carro." Guilherme acrescenta: "Junto aos donos, todas as atividades lhes dão prazer." Ao chegarem a um novo local, costumam estranhar. "Quando os levo comigo, eles ficam receosos ao chegar, não saem do meu lado. Aos poucos vão se acostumando com o ambiente e começam a cheirar e a explorar o local", conta Regina. "Se vão para um hotel, eu solto todos juntos com a gente; mas se alguém os chama para brincar, nem sempre topam. Já outras raças são o oposto", diz Maria Amélia.

...... "No carro, não se agitam nem sujam ou estragam nada. Só ficam impacientes quando querem fazer xixi", informa Regina. "Não são tão espevitados nem curiosos quanto os Poodles, que adoram uma janela", acrescenta Áquila.

...... Apesar de reservado e independente, o Lhasa nunca deve rosnar para as pessoas. "Muito menos morder", diz Larry Bruton, do clube americano da raça. "Existem exemplares agressivos no Brasil, o que é inadmissível para um cão usado hoje essencialmente como companhia", diz Guilherme. Um Lhasa que morde o próprio dono é mais inadmissível ainda. Entre os criadores entrevistados, vários nunca verificaram o problema em seus plantéis, mas outros chegaram a ter experiência com algum: "Tive um que mordia minhas sobrinhas, e até o rapaz que trabalhava aqui cuidando dele", relata Maria Amélia. "O moço tinha de abrir a gaiolinha com cuidado, chamar e se ele não viesse, não adiantava tentar pegá-lo, porque ele avançava mesmo", conta.

Em forma

...... Assim como a maioria das raças pequenas, o Lhasa não precisa de exercícios ao ar livre para se manter saudável. Nem tendência à obesidade ele tem. Solange Frasson, da Clínica Frasson, em Piracicaba, explica: "O pouco que ele brinca e anda dentro da casa é suficiente para queimar as calorias, desde que a alimentação seja adequada".

...... Os criadores consideram o Lhasa bastante resistente a doenças. As duas veterinárias ouvidas por Cães & Cia - Patricia Harich, do Centro Veterinário Santa Cruz, em São Paulo, e Solange - disseram que o problema que mais afeta a raça são as alergias de pele (dermatites). Guilherme observa que alguns exemplares são mais afetados devido à predisposição genética. As causas normalmente são picadas de pulgas, retenção de umidade na pelagem e alimentação errada. Os sintomas das dermatites são pequenos pontos avermelhados, caspinhas e coceiras na pele. Quando o caso é grave, pode desencadear infecções bacterianas no local. O tratamento é afastar o cão das causas da alergia - o que significa combate a pulgas ou mudança de dieta, conforme o caso. "Tratamento com remédios fortes à base de cortisona, só recomendo em casos muito graves", diz Solange. Outro problema que pode acontecer com o Lhasa é a conjuntivite (inflamação das mucosas dos olhos). Segundo Patricia, cerca de 15% dos Lhasas de que cuidou têm esse mal, conseqüente da irritação provocada pelos pêlos que caem sobre os olhos. Para evitar, recomenda-se prender a franja. "Se não for tratada a tempo, pode evoluir para úlcera da córnea e cegueira", avisa Patricia. A cura é à base de colírios antibióticos e antiinflamatórios.

...... Catherine Marley, médica e criadora da raça nos Estados Unidos, confirma que esses problemas são os que mais afetam a raça também no seu país. Mas acrescenta duas doenças geneticamente transmissíveis à lista de males que podem afetar alguns exemplares, ainda desconhecidas na raça no Brasil pelos criadores entrevistados: a Atrofia Progressiva da Retina (PRA) e a Displasia Renal (Familial Kidney Displasia). Segundo Catherine, a primeira teve casos recentes na Inglaterra e na Escandinávia e leva à cegueira aos poucos. Manifesta-se entre dois e oito anos. "Entre 350 Lhasas testados naqueles países, 12 apresentaram a doença. Estima-se que para cada doente, outros 10 portam o gene causador da doença", afirma. Já a Displasia Renal aparece mais raramente. "Pode-se criar a raça por 20 anos e nunca encontrar um doente. De repente, uma ninhada inteira pode vir com o problema que se manifesta entre dois a três anos de idade", diz Catherine. "Males renais causam perda de peso; o animal fica prostrado, ingere água em excesso e a urina fica transparente", conta Patricia. O cão pode nunca apresentar sintomas. Se apresentá-los, há tratamento, mas permanece o risco de morte por insuficência renal. "Por isso é importante fazer um

...... check up anual no cão para detectar se a doença existe, e em caso afirmativo, prevenir o agravamento do quadro", aconselha Patricia.

Padrão Oficial

CBKC nº: 227, de 2/5/94
FCI nº: 227 c, de 24/6/87
País de origem: Tibet
Patronagem na FCI: Grã-Bretanha
Nome no país de origem: Apso Seng Kye (Cão Leão Sentinela Alarme).
Nome no país patrono: Lhasa Apso.
Utilização:companhia.
Prova de trabalho: para o campeonato, independe.
Aparência Geral: bem balanceado, vigoroso, com densa pelagem, alegre e autoconfiante, de temperamento alerta, estável, mas um tanto reservado, com estranhos.
Cabeça e Crânio: abundante pelagem, na cabeça, com acentuada queda sobre os olhos, bigodes e barba bem desenvolvidos. Crânio, moderadamente, estreito, diminuindo atrás dos olhos, não perfeitamente plano, mas também não abobadado ou em forma de maçã. Focinho reto, com stop moderado. Trufa preta. Focinho não quadrado, com aproximadamente quatro centímetros, seu comprimento, a partir da ponta do nariz corresponde, aproximadamente, a um terço do comprimento da trufa ao occipital.
Olhos: escuros, ovais, de tamanho médio, inserção frontal e rente com a superfície da pele, ocultando o branco, tanto abaixo, quanto acima da íris dos olhos.
Orelhas: pendentes, de densa pelagem.
Boca: mordedura em tesoura invertida, isto é, na oclusão, a face interna dos incisivos superiores deve tocar a face externa dos inferiores, incisivos tão bem distribuídos e tão alinhados quanto possível. É desejável a dentição completa.
Pescoço: forte e bem arqueado.
Anteriores: ombros bem acoplados. Membros anteriores retos e providos de densa pelagem.
Tronco: bem proporcionado e compacto, de comprimento, medido da ponta do ombro ao ísquio, maior que a altura na cernelha. Costelas bem arqueadas. Linha superior de nível. Lombo forte.
Posteriores: bem desenvolvidos, com boa musculatura, boa angulação e pelagem densa. Visto por trás, jarretes paralelos e não muito juntos.
Patas: redondas, como as do gato, com almofadas planares e fortes, bem peludas.
Cauda: de inserção alta, bem deitada sobre o dorso, mas não, como alça de panela, freqüentemente com uma rosca na extremidade. Profusamente franjada.
Movimentação: desenvolta e ágil.
Pelagem: externa longa, pesada, lisa, áspera, nem lanosa nem sedosa. Subpêlo moderado.
Cor: dourado, areia, mel, mesclado escuro, malhado, esfumado, particolor, preto, branco e castanho. Todas as cores são igualmente aceitáveis.
Tamanho: altura, na cernelha 25,4cm, para machos, e fêmeas ligeiramente menores.
Faltas: qualquer desvio, dos termos deste padrão, deve ser considerado como falta e penalizado na exata proporção de sua gravidade.
Nota: os machos devem apresentar os dois testículos, bem visíveis e normais, totalmente descidos na bolsa escrotal.



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