Soneto do Mês de Maio

Suavemente Maio se insinua
Por entre os véus de abril, o mês cruel
E lava o ar de anil, alegra a rua
alumbra os astro e aproxima o céu

Até a lua, a casta e branca lua
Esquecido o pudor, baixa o docel
E em seu leito de plumas fica nua
A destilar seu luminoso mel.

Raia a aurora, tão tímida e tão frágil
Que através de seu corpo transparente
Dir-se-ia poder-se ver o rosto.

Carregando de inveja e presságio
Dos irmãos Junho e Julho, friamente
Preparando as tragédias de agosto.

Vinicius de Moraes

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