Pronunciamento do Presidente Geral Internacional da SSVP na Assembléia Geral do Conselho Nacional do Brasil
em Belo Horizonte.

23/09/2000
 
Caros Confrades e Consócias
Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Gostaria de compartilhar com vocês minha grande alegria de estar aqui hoje com todos vocês, meus confrades e consócias deste grande país. Ao me dirigir a vocês neste grande e emocionante encontro vicentino nacional, celebrando o final das Missões criadas há um ano pelo Conselho Nacional do Brasil, me vêm à mente aquele grupo de pobres estudantes de Paris que, há 170 anos, fundaram o que se converteria em uma das mais importantes instituições cristãs: as Conferências de São Vicente de Paulo. Que pensariam eles hoje se estivessem aqui reunidos conosco, com tão grande quantidade de pessoas tentando seguir seus exemplos ?
Eles fundaram uma Sociedade de leigos comprometidos com o mundo da pobreza. Fundaram uma Sociedade com o anúncio do Evangelho aos pobres. Uma Sociedade fundamentalmente comprometida com o caminhar da Santa Igreja. Uma Sociedade que não caminha só. Uma Sociedade que não inventa nada, mas que quer, unicamente, estar aberta à mensagem de Cristo e que graças a esta vontade busca a sua santificação, como nos diz São Pedro: ... " purificastes vossas almas, obedecendo a verdade..." (1 Pedro 1, 22). Este compromisso com a verdade, este compromisso com os eleitos do Senhor, com os pobres, leva todos vocês a servir ao Senhor nas Conferências e a estar hoje aqui proclamando, com a vossa presença, que Cristo ressuscitou. Que Cristo se encontra entre nós!

Não podemos mostrar o Cristo fisicamente, caros amigos. Mas podemos sim, mostrá-Lo levando a sua mensagem ao mundo. Mudando o mundo. Transformando o mundo. Melhorando o mundo. Tal como o Cristianismo vem fazendo há dois mil anos. E vem fazendo, desde então, não somente através de sua ação pró-ativa. Também com a freqüência e firmeza da oração.
A necessidade da oração, que tem estado presente em nossa Instituição desde as suas origens, adquire hoje uma singular importância frente a um mundo que parece cada vez mais longe de Deus, cada vez menos praticante. Um mundo que se esquece da necessidade de pedir, de dar graças e de louvar a Deus. Em outras palavras, um mundo que se esquece de rezar. Devemos nos esforçar para aumentar nossa oração pessoal e para ajudar os outros a recuperar a freqüência da oração de nossos irmãos. Pois na oração encontramos as forças para a nossa atuação. Uma atuação que deve ser acompanhada do calor do amor. Uma oração que deve estar comprometida com o tempo de quem reza. Um contato com o Criador, que não pode nem deve se restringir a uma relação somente de um-para-um. Que deve estar plenamente comprometida com o sofrimento humano. Que deve estar comprometida com a nossa responsabilidade, livre e voluntária, assumida com o sofrimento humano. Deve ser nossa decisão combater, denunciar e vencer as causas da dor de nossos irmãos, confortando-nos com a força da oração. Uma oração que nos leve a uma vida de compromisso com a pobreza, com as carências, contra as novas forças de exploração. Devemos fazer das necessidades de nossos semelhantes as nossas necessidades, compartilhando a mesma fé no amor de Cristo e nos confortando Nele.

Em primeiro lugar, lembremo-nos porque as Conferências foram criadas: para contribuir para o aprofundamento da fé de seus membros. Isto é, a ajuda aos necessitados é uma conseqüência da espiritualidade vivida no seio da Conferência, cujo calor, alenta o impulso da caridade. É, assim, na reunião da Conferência, o lugar onde vamos aprofundar a nossa fé, potencializar nossa esperança e nos entregar à caridade e ao amor.

Este grande país necessita da vossa entrega, para seguir transformando as estruturas injustas que criam os homens em todos os lugares. Temos que transformar estas estruturas injustas e também suavizar as conseqüências na vida de cada um dos seres humanos, de nossos irmãos que sofrem.

Temos que estar alertas. Não devemos nem podemos nos conformar com a assistência às calamidades, como já temos o hábito de fazer. Não podemos nos conformar somente com a assistência às necessidades que já conhecemos. Temos que ir além. Temos que estar permanentemente alertas para detectar as novas causas que fazem sofrer nossos semelhantes.

O mundo vicentino inteiro, queridos confrades e consócias brasileiros, segue com a maior atenção o vosso caminhar no serviço dos pobres. Serviço dos pobres e serviço aos confrades e consócias. Como tinha dito antes, em uma comunidade de oração e ação, como é cada Conferência, não existirá a possibilidade de nossa ação sem a autêntica fraternidade, a real amizade entre os seus membros, como deve existir no seio de cada uma de nossas Conferências. Seguimos, cada um dos vicentinos do mundo, o caminhar da Sociedade de São Vicente de Paulo do Brasil. Também segue vosso caminhar, especialmente, o Presidente Geral Internacional. Eis a vossa enorme responsabilidade.
A grandeza do número de vicentinos do Brasil e, portanto, de vossa capacidade em todos os níveis, obriga a Sociedade de São Vicente de Paulo do Brasil a ser o exemplo para que a Sociedade encontre em vocês a inspiração.

E cada um de vocês deve ser consciente de ser este exemplo unido à pastoral de cada paróquia, de cada diocese. Unido profundamente e com entusiasmo ao trabalho da Santa Igreja, da qual cada um de nós faz parte.
Com especial profundidade, devemos considerar a colaboração eclesial com os membros da Família Vicentina. O Conselho Geral está fazendo um enorme esforço para que esta colaboração seja cada dia mais firme e mais íntima, pois cremos que esta colaboração será fecunda para o serviço de nossos irmãos mais pobres. A proximidade com as Filhas da Caridade, com a Associação Internacional de Caridades (AIC), com a Congregação da Missão, deve se basear em uma grande colaboração, como ferramenta eficaz para melhor servir os mais necessitados. Convoco, caros confrades e consócias, a que vocês potencializem esta colaboração integradora, através do respeito profundo ao carisma de cada um dos ramos da Família Vicentina, mas através da orientação para o mesmo fim: o serviço a nossos senhores, os pobres, como disse o grande Santo da Caridade.
Caros confrades e consócias: o Presidente Geral Internacional está feliz e emocionado por encontrar-se com vocês nesta bendita terra, nestes belos horizontes. Está feliz em ouvi-los. Está feliz em conversar com vocês. Feliz por conhecer novas experiências tão maravilhosas como as que vocês têm nesta nação. Obrigado pela vossa acolhida. Obrigado pelos vossos ensinamentos. Obrigado por tudo o que vocês estão fazendo e, sobretudo, obrigado por tudo o que vocês estão construindo para a Sociedade de amanhã.

Eu me vou, levando todos vocês dentro do meu coração. Sabendo que estas Jornadas de Belo Horizonte são fundamentais para recuperar as forças no caminho e trabalhar com mais entrega a partir de amanhã.

Confio em cada um de vocês, pois será através do vosso trabalho que o mundo vai ser melhor, porque cada um de vocês levará a cada homem a mensagem que Deus o ama. Esta é a missão de cada um de vocês.

Volvo os olhos a Maria. Ela, que está presente em nossa Sociedade desde a sua fundação, há de nos ajudar a conseguir todas as metas, todos os sonhos que temos, todas as aspirações que construímos. E Ela o fará, porque todas as nossas aspirações estão guiadas por nossa vontade de ajuda, de entrega àqueles pelos quais seu Filho quis estar representado.

Adiante, queridos vicentinos. Sigam o exemplo de Vicente de Paulo e Frederico Ozanam. Sigam o exemplo de tantos confrades e consócias que nos precederam no caminho e que já se encontram na Casa do Pai.

Sigam, portanto, transformando o mundo através do amor de Cristo.
Muito obrigado,
 
José Ramón Díaz-Torremocha
XIV Presidente Geral Internacional da
Sociedade de São Vicente de Paulo

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