OBESIDADE
Doença crônica caracterizada pelo
exagerado acúmulo de gordura a ponto de comprometer a saúde. A
definição de obesidade foi por muito tempo alvo de discussões e,
apenas recentemente, a Organização Mundial de Saúde classificou-a
como doença e colocou o seu combate como objetivo prioritário.
Doença dispendiosa, de alto risco,
crônica e reincidente, a obesidade afeta milhões de pessoas em todo
o mundo, inclusive crianças. Embora não seja nova, ela assume agora
proporções epidêmicas e está aumentando. Esta tendência é, sem
dúvida, alarmante em virtude das doenças associadas à
obesidade.
A obesidade
é...
Excesso de gordura corpórea. Doença crônica multifatorial que requer
tratamento médico. Conseqüência do excesso de ingestão de gordura
proveniente dos alimentos. Doença epidêmica. Condição associada a
outras doenças e à diminuição da qualidade de vida. Significativa
responsabilidade pelos custos do sistema de
saúde.
O que é ser Obeso
Ser obeso é ter uma doença
crônica ocasionada por um excesso de gordura corpórea. A obesidade é
identificada quando há um desequilíbrio energético, ou seja, a
energia ingerida (a quantidade de calorias que você come) é maior do
que a energia dispendida (número de calorias usadas pelo seu
metabolismo, durante atividade física e na formação de calor) por um
longo período de tempo. De acordo com as tabelas da Metropolitan
Insurance Life Company (Nova York, EUA), uma pessoa é considerada
obesa quando seu peso for no mínimo 20% maior do que o considerado
ideal para sua altura. Mas sociedade constantemente discrimina a
pessoa obesa, como se ela fosse a única responsável por seu estado.
Mas isso não condiz com a realidade. Na verdade, o obeso nada mais é
do que vítima de uma série de fatores orgânicos, ambientais e
psicossociais
que têm implicações fortes para o controle da doença, caracterizada
pelo excesso de gordura corpórea. Considerar isoladamente um ou
outro fator não é o ideal, quando o objetivo é perder peso e
manter-se dentro desse controle. Sendo assim, precisamos analisar
todo o contexto, agindo sobre cada um dos pontos que interferem no
sucesso dos programas de reeducação alimentar e de mudança de
comportamento.
Fatores Orgânicos
Muito se fala que algumas pessoas têm
maior ou menor propensão a ganhar peso, independente de fatores
ambientais e psicossociais. Mas será que isso é verdade? A genética
exerce tal influência sobre as pessoas, quando falamos de obesidade?
Sim, em grande parte. Estudos demonstram que filhos de pais obesos
apresentam uma maior predisposição de se tornarem obesos.
Pesquisadores descobriram que a herança genética da gordura
intra-abdominal excessiva pode ser de 60% ou mais, embora ainda não
se saiba o nível exato do risco de se tornar obeso, se os pais
sofrem desse problema.
Fatores relativos ao
sexo
O armazenamento da gordura corpórea está
relacionado ao sexo. Nas mulheres, acredita-se que a tendência
esteja associada à sua capacidade de ter filhos. Após a puberdade,
as mulheres abrem seu apetite para gorduras, muito mais do que os
homens, sem contar que quaisquer calorias em excesso ingeridas pelas
mulheres têm muito mais chance de serem utilizadas para o aumento da
gordura corpórea. Para os homens, essa relação não ocorre da mesma
maneira, pois o excesso de calorias têm mais chance de serem
canalizadas para a produção de proteínas.
Fatores psicossociais da
obesidade
De uma maneira igualmente severa, as
pressões psicossociais atingem o obeso com a mesma ou maior
intensidade do que as doenças associadas. O estigma do obeso se
alimentar excessivamente em resposta a sentimentos negativos, como
frustação, tristeza ou insegurança, está mudando. Pelo menos um
pouco. Em muitos países industrializados ocidentais a obesidade é
ainda um estado físico que carrega um estigma de preconceito. As
pessoas obesas são geralmente consideradas não atraentes fisicamente
e possuidoras de uma série de falhas de caráter. Recentemente, a
psicopatologia nos indivíduos obesos tem mudado. Já existe forte
tendência por parte da classe médica de entender a obesidade como
sendo conseqüência - e não a causa - do preconceito e da
discriminação a que as pessoas com sobrepeso estão
sujeitas.
Distúrbios da
alimentação
Bulimia
A Bulimia
é um distúrbio alimentar caracterizado por episódios de ataques
de fome seguidos imediatamente por vômitos auto-induzidos, depressão
e pensamentos auto-depreciativos. Ela ocorre mais freqüentemente em
pessoas jovens entre 14 e 30 anos. A Bulimia ocorre em pessoas obesas e de peso normal e sua prevalência
está aumentando, porém, apenas 5% dos obesos são
bulímicos.
Distribuição anatômica da
gordura
Em pessoas com peso normal, a maior parte
do tecido adiposo está localizado sob a pele, atuando como protetor
contra a perda de calor, o que é chamada de gordura subcutânea. Os
indivíduos com sobrepeso ou obesos, além da gordura subcutânea,
carregam tecido adiposo na região abdominal, o que representa uma
importante reserva de energia, chamada de tecido adiposo visceral,
mas que contribui para muitas das doenças associadas à obesidade.
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Gordura subcutânea + tecido
adiposo visceral = gorduta
abdominal | |
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Quando o tecido adiposo
acumula-se predominantemente na região abdominal, há
um predomínio da gordura visceral e diz-se que a
pessoa apresenta obesidade do tipo andróide ou do
tipo "maçã". |
Se a tendência é acumular
gordura na região dos quadris e coxas, a obesidade é
classificada como ginóide ou tipo "pera". |
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Observe-se no espelho com
atenção e identifique a qual grupo você pertence. Cabe lembrar que
as pessoas com o perfil em formato de maçã têm mais facilidade de
desenvolver outras doenças, como problemas cardiovasculares, pois a
gordura visceral, ao contrário da subcutânea, dirige-se diretamente
para o fígado antes de circular até os músculos, podendo causar
resistência à insulina, levando à hiperinsulinemia, que são níveis
elevados de insulina, aumentando assim o risco de diabetes mellitus
tipo II, hipertensão e doenças cardiovasculares.
Fatores
Ambientais
Afora a propensão genética, alguns
fatores ambientais podem frustrar as tentativas de manter um
programa de controle do peso. A modernização é um deles, com toda a
gama de recursos tecnológicos que, se por um lado possibilitam mais
conforto, acabam reforçando o sedentarismo. De outro lado, a grande
avalanche de produtos saborosos e fáceis de fazer, perfeitamente
acessíveis e econômicos, que bombardeados a todo instante na mídia,
seja em revistas, televisão ou out-doors, numa simulação tão
perfeita de suas qualidades, que é quase possível sentir o cheiro e
o gosto apenas em ver as imagens. Outros aspectos típicos da vida
nas grandes metrópoles exercem considerável influência nesse
processo rumo à obesidade. É certo que a população urbana é mais
alta e mais pesada, totalizando um IMC maior do que o encontrado na
população rural, que pelas próprias características profissionais,
movimenta-se e exercita-se diariamente. Seja qual for a opção,
perder peso exige uma real mudança de comportamento e nos hábitos
alimentares, para reverter um quadro que acaba tornando-se estável e
que só contribui para o aumento do problema.
Obeso ...
EU!?
Durante muito
tempo, a medicina procurou um padrão de cálculo que pudesse ser
utilizado em todo o mundo e que permitisse identificar, da melhor
forma possível, o ponto a partir do qual uma pessoa pode ser
considerada com sobrepeso e obesa. Existe uma série de medidas de
peso, porém o Índice de Massa Corpórea (IMC), por sua praticidade, é
hoje aceito como padrão de medida internacional. Sua forma de
cálculo é a divisão do peso (em kg) da pessoa por sua altura,
elevada ao quadrado (em m²).
CATEGORIA |
|
IMC |
|
Abaixo do Peso |
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Abaixo de 20 |
Peso Normal |
|
20 - 24.9 |
Sobrepeso |
|
25.0 - 29.9 |
Obeso |
|
30.0 - 39.9 |
Obeso Mórbido |
|
40 ou
+ |
Obesidade no
Mundo
O mundo vive hoje a epidemia da
obesidade, uma doença que cresce em proporções alarmantes. Apesar
dos poucos dados epidemiológicos disponíveis, a maioria dos países
desenvolvidos já identificou o problema e estão, juntos,
dimensionando a eclosão desta doença.
Nos Estados Unidos, a prevalência da
obesidade dobrou nos últimos 20 anos. Hoje, 30% da população tem
sobrepeso, 15% são obesos e cerca de 3% obesos com muito risco. Na
Europa, apesar de números mais "leves", a tendência apresenta-se a
mesma. Ela só perde para o fumo, como propulsora de doenças e mortes
prematuras. A obesidade faz mortes. Estima-se que, nos Estados
Unidos, a obesidade e demais doenças associadas matam 300 mil
pessoas/ano.
Obesidade em homens
e mulheres
Destacamos aqui alguns países, que hoje reúnem dados sobre
obesidade, nos quais podemos observar que os homens compreendem a
maioria dos casos de obesos e obesos de risco (IMC acima de
30).
A Organização Mundial da Saúde reúne
informações econômicas, psicossociais e de saúde que reafirmam a
problemática: caminhamos para uma epidemia assustadora no século
XXI! Segundo ela, quase 10% dos orçamentos de saúde em países
ocidentais estão hoje relacionados à obesidade.
Obesidade no
Brasil
Em uma época em que a humanidade tanto
tem-se preocupado com a falta de alimentos e a subnutrição? e ainda
se preocupa? quem poderia imaginar que a obesidade atingiria índices
tão alarmantes? Estudos recentes em países desenvolvidos mostram
que a obesidade tem avançado, significativamente. No Brasil,
estudiosos observam o fenômeno: há uma relevante diminuição da
prevalência da desnutrição nos últimos vinte anos, em comparação ao
notável aumento dos casos de obesidade.
A transição
alimentar
Os padrões nutricionais sofrem alterações
a cada século, resultando em mudanças na dieta dos indivíduos,
correlacionando também modificações econômicas, sociais,
demográficas e relacionadas à saúde. O século XX foi marcado por uma
dieta rica em gorduras (principalmente as de origem animal), açúcar
e alimentos refinados, e reduzida em carboidratos complexos e
fibras. Segundo pesquisadores, o predomínio desta dieta tem
contribuído para o aumento da obesidade, em conjunto ao declínio
progressivo da atividade física dos indivíduos.
Sobrepeso e Obesidade nas regiões
brasileiras
A prevalência da obesidade tem aumentado
nas diferentes regiões do Brasil, acompanhando a tendência mundial.
Os índices estão em um crescente, o que exige uma reavaliação
urgente de toda a sociedade. Dados regionais, de 1989, apontam curva
ascendente de sobrepeso e obesidade no Brasil. Acompanhe:
Levantamento do Ministério da Saúde,
referente ao ano de 1993, demonstra que cerca de 15% da população
adulta já se encontra com sobrepeso; e 6,8% com
obesidade. |